domingo, 7 de dezembro de 2014

Em verdade, recompensa!

Houve, sim, um momento em que me senti lesada. Houve um balanço entre o que pensei ter dado e o que soube não ter recebido. Houve um momento em que considerei que ter compartilhado vivência, cultura, sentimentos e aprendizados teria sido entendido como afeto e afinidade. E houve também o instante de frustração por constatar que, sim, minhas memórias, descobertas, meu tesouro - o que carrego na memória- sim! Enriqueceram o saber alheio, acalentaram dores e prazeres! E então reparei que o imaterial e o material, o espiritual, doenças e saúde ofertados e sempre avidamente recebidos, avaramente consumidos, foram somente gotas de tinta jamais capazes de encharcar a esponja da carência egoísta da alma contemplada. Houve o momento de confundir egoímo com necessidade, e então me permiti oferecer muito mais do que o devido apoio. E, óbvio, permiti a desigual partilha, permiti o lento e gradual crescimento do desrespeito e da ingratidão; Ignorei alertas, desconsiderei sinais. Em verdade, não me permiti enxergar o óbvio. Por momentos, cheguei a ruminar alguma auto-comiseração dos lesados. Como boa besta humana, cheguei a crer em reciprocidade! E então entendi o quanto recebi pelo que dei. Aprendi que certos inimigos internos são contagiosos. Que ninguém pode dar o que não possui. Que sim, estas esponjas carentes só estão aptas a receber, dificilmente a compartilhar. Mas, de forma alguma, ouso cobrar entendimento ou autocrítica de quem sempre demonstrou sem muitos disfarces a verdadeira face. Culpa? A minha, de tamanha desatenção e imprevidência. E meu imenso ganho; E esta foi minha gigantesca recompensa: Aprender a nada esperar. Exercitar, atentamente, exaustivamente, a observação e a capacidade de discernir. Não, jamais a ousadia de julgar - quem sou eu, oras?- Sei bem, apenas mais uma aprendiz. Pois justo quando entendi o contágio da auto-piedade compreendi. Lesada? Jamais. Balança de perdas e ganhos? Muito mais ganhei do que dei! Mágoa? Névoa a nublar almas fracas. A mim, pelo que sei e sou, nunca foi, é ou será permitido acumular picuinhas. Como tudo, este aprendizado necessitou anos de equívocos. Não foi a primeira lição, não será a última. Como as anteriores, dolorosas sempre, importante cada uma delas. Ouvi de alguém que já partiu o que finalmente entendi: A desilusão só machuca o incauto que tem ilusões. Reciprocidade, hoje? Peço ao Uniiverso que a compreensão seja estendida a tudo e todos, desejando paz, superação e luz, a mesma luz que me foi piedosamente concedida, a graça de mais um passo na imensurável estrada evolutiva. E assim, superado o desencanto inicial, recebo e agradeço ao Universo a lição finalmente compreendida. Se muito de mim dei, muito mais ganhei. E é com humildade, atenção e gratidão que compartilho duas lições: A primeira, a preemente e indispensável atenção capaz de conceder a percepção para eparar o joio do trigo. A segunda, mais importante do que a anterior, a de manter obrigatoriamente imunidade ao contágio de inimigos interiores alheios. Graças. Deus, Deusa e Amor Universal pelo valioso ensinamento concedido.

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