domingo, 17 de agosto de 2014

Os saberes e seus significados

Estudar é fundamental. Estudar tudo, ler cada um dos papéis, jornais, bulas, revistas, tudo. Aprendi preciosidades em páginas rasgadas e descartadas, fiz descobertas fantásticas em livros e revistas que recolhi em calçadas. Compro livros usados em sebos, apalpo cada página. Leio o que está escrito formalmente, busco entre as linhas grafadas o que foi subtendido pelo autor. Acolho as impressões dos primeiros leitores. Livros são excelentes condutores da energia de quem os escolheu, tocou, apalpou, por vezes deixou em suas margens observações suas, únicas. Neste último ano tenho percebido e tentado compreender a discrepância entre o que um fala e outro entende. Prestei atenção a como um arrazoado de motivos quaisquer são resumidos para caber na ideia já esboçada de quem ouve. Certamente esta observação chegue, em mim, tardiamente, e seja óbvia e natural para outros. Mas acrescento em minha observação que esta disparidade de entendimentos entre o falado e o compreendido distorce a ideia inicial. Pessoas que leem coisas. olhos com direção automática para qualquer tipo de texto, neste sentido, percebem com mais destreza a fala alheia. A busca de conhecimento e a fome são parelhas. Só que enquanto a comida sacia, quanto mais descobrimos, mais vislumbramos a imensidão desconhecida. Esta reflexão deriva de duas situações. Primeiro, percebendo a condução de determinadas discussões em um relacionamento pessoal recente e o abismo cultural causado não pela diferença de formação. O desinteresse pelo aprendizado, pelo conhecimento, isto é intransponível. A segunda situação acontece com aqueles que classifico de vampiros intelectuais. Pessoas que não tem tempo nem energia a perder com estudos e pesquisas, e costumam sabatinar quem julgam ou sabem estudiosos do tema. Não se trata de compartilhamento de opiniões e descobertas. Trato aqui da soberba dos questionamentos. Assumir a condição de estudantes da espiritualidade não faz de nós oráculos compulsórios, não nos torna enciclopédia de encantos nem fontes de informações com plena disponibilidade, prontos a dirimir quaisquer dúvidas. Não, também não sabemos o nome de Deus para invocação direta, não temos ideia de quem é anjo de quem, não temos o guia de procedimentos para viagens astrais, desdobramentos, como encontrar portais, etc. Conversei, dia destes, pela web, co um adolescente que me fez estas perguntas e outras ainda mais desconexas. Disse-lhe eu, a certa altura: - Menino, como assim invocar Deusa Mãe por seu nome, para que ela pessoalmente venha conversar contigo? Tens ideia de quem é a Deusa? Olha o tamanho do Universo! O que andas lendo, o que já conheces da literatura espiritualista? Mitologia, continentes perdidos, migrações estelares, transição planetária, elementais, bruxas, xamãs, curandeiros, pajés, monges, cultos, crenças, é e razão? O que sabes dos evangelhos apócrifos? Sua resposta me deixou perplexa. Disse ele: - Estas coisas de ler e falar de antigamente eu não gosto. Eu gosto mesmo é de ser bruxo, ter caldeirão e cultuar a lua. Mas não entendo porque ninguém quer me contar o nome de Deus e da Deusa. Quero uma fórmula para poder ver, falar com eles. Desculpe a senhora, eu deveria ter percebido que a sra. não tinha condições de responder minhas dúvidas. Achei que a sra. fosse mais entendida em bruxarias. Concluo dizendo que algumas outras consciências, plenamente dotadas de capacidade mas não de vontade, aprendem mas não compartilham seus aprendizados. Por comodidade, preguiça, medo da crítica, falta de vontade. Estes, chamo de avarentos espirituais, que certamente um dia prestarão contas do suo que deram ao conhecimento concedido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagem Guarani Kaiowá